O aumento da expectativa de vida tem motivado a busca por acompanhamento médico para tratar diversas condições clínicas que são mais comuns após determinada idade. Afinal, se hoje vivemos mais, também é importante viver com qualidade. Nesse sentido, uma das intervenções da medicina ginecológica para melhorar a saúde da mulher é a promontosacrofixação laparoscópica.
O objetivo dessa técnica cirúrgica é reposicionar os órgãos pélvicos que se deslocaram por falhas de sustentação, evento conhecido como prolapso. Estruturas da pelve, como as paredes vaginais e o útero, podem sofrer queda com o passar dos anos, sobretudo em razão da paridade e do envelhecimento.
O descenso da vagina dá espaço para que os órgãos circundantes também saiam de sua posição normal, o que pode ocorrer com a bexiga, a uretra, o intestino e o reto.
A promontosacrofixação é a cirurgia empregada para fixar o útero ou a cúpula vaginal no promontório, com interposição de tela de polipropileno — inclusive, no caso de mulheres que fizeram histerectomia (cirurgia para retirada do útero).
O promontório é a porção anterior da base do sacro, formado pela articulação sacral com a V vértebra lombar. Portanto, faz parte de uma das principais estruturas ósseas da pelve e tem participação na sustentação dos órgãos pélvicos.
A sacrocolpopexia abdominal foi, por muito tempo, considerada pelos especialistas o tratamento padrão para a correção do prolapso da cúpula vaginal ou ápice da vagina, também chamado de prolapso apical. O resultado esperado é o reposicionamento da vagina em seu local habitual na cavidade pélvica para preservar suas funções.
Entretanto, a cirurgia feita por meio de incisão abdominal ampla, considerada invasiva e de grande porte, está associada a diversos riscos e complicações, além de demandar um período pós-operatório delicado e lenta recuperação.
Nas últimas décadas, a videolaparoscopia se tornou a técnica de escolha para o tratamento de diversas patologias ginecológicas. Como alternativa à cirurgia abdominal aberta, hoje, podemos realizar a promontosacrofixação laparoscópica para a correção de prolapso uterino e apical. É uma abordagem minimamente invasiva e que resulta em menor dor pós-operatória, curto tempo de internação e restabelecimento mais rápido da paciente.
Neste texto, constam informações sobre a promontosacrofixação laparoscópica, técnica que apresenta resultados promissores na recuperação da qualidade de vida de mulheres com prolapsos pélvicos.
Indicações para a promontosacrofixação laparoscópica
A cirurgia para fixação da cúpula vaginal é indicada para pacientes com prolapso uterino e apical. Os outros tipos de prolapsos pélvicos também podem ser corrigidos quando o útero e o ápice da vagina são reposicionados.
A perda da sustentação dos órgãos na cavidade pélvica, que leva aos prolapsos, pode ocorrer quando os ligamentos, músculos e fáscias da pelve ficam enfraquecidos. As principais causas desse enfraquecimento são o envelhecimento e a paridade, sendo mais comum em mulheres multíparas (que tiveram dois ou mais partos) e que passaram por parto vaginal.
Os fatores de risco para a incidência de prolapsos incluem cirurgias pélvicas, obesidade, esforço físico intenso e frequente, defeitos pélvicos congênitos, distúrbios do tecido conectivo, entre outros.
No caso de mulheres que fizeram histerectomia, pode ocorrer a inversão da parede vaginal, levando ao prolapso apical. Entre as queixas dessas pacientes, estão: desconforto para sentar-se ou caminhar, incontinência urinária, dificuldade na relação sexual e constipação intestinal. O problema também aumenta a suscetibilidade para ulcerações vaginais e infecções urinárias recorrentes.
A indicação para promontosacrofixação laparoscópica é feita após cuidadosa avaliação pré-operatória. É preciso avaliar o grau do prolapso uterino ou apical e diferenciá-lo de outros tipos de prolapso, como cistocele (da bexiga) e retocele (do reto), para adequar a conduta cirúrgica.
Outros aspectos da patologia e do estilo de vida da paciente também devem ser observados para a correta indicação da cirurgia, como idade, função sexual e presença de comorbidades.
Como a promontosacrofixação laparoscópica é feita
A promontosacrofixação por via abdominal foi descrita pela primeira vez na década de 1960, quando passou a ser considerada por muitos especialistas como a melhor abordagem cirúrgica para reparo do prolapso apical.
Com o avanço da laparoscopia, surgiu também o interesse em aprimorar a técnica de fixação da cúpula vaginal. Assim, a promontosacrofixação laparoscópica começou a ser realizada na década de 1990, buscando obter a mesma eficiência da cirurgia abdominal aberta, mas aliada às vantagens do procedimento minimamente invasivo.
Com a videolaparoscopia, a anatomia do assoalho pélvico é adequadamente exposta, de forma que o cirurgião tem uma melhor visualização do campo operatório, identifica os defeitos a serem corrigidos com mais facilidade e realiza as correções com segurança.
A cirurgia laparoscópica é feita a partir de pequenas incisões próximas à cicatriz do umbigo, por onde são introduzidos os instrumentos cirúrgicos de calibre reduzido e o tubo com sistema de transmissão de luz com microcâmera integrada, que capta as imagens do interior da cavidade abdominopélvica. Em tempo real, o cirurgião acompanha as imagens pela tela de um monitor e realiza as intervenções necessárias.
A promontosacrofixação laparoscópica é feita com anestesia geral. Realiza-se o procedimento com pneumoperitônio, que consiste na insuflação de gás (CO2) para distender a cavidade abdominal e melhorar a visualização dos órgãos e tecidos.
Após a inserção dos trocartes, o instrumental laparoscópico é introduzido. O promontório sacral é identificado e, em seguida, realiza-se a incisão no peritônio (membrana que recobre a cavidade pélvica). A tela de propileno é seccionada no tamanho adequado e fixada ao promontório para conectá-lo à cúpula vaginal. Então, o peritônio é fechado sobre a tela.
Quando há indicação para o tratamento de outras disfunções do assoalho pélvico, também é possível realizá-los logo após a promontosacrofixação laparoscópica, por exemplo, a colocação de fita ou sling suburetral para incontinência urinária.
A promontosacrofixação laparoscópica propicia o reparo anatômico da cúpula vaginal, permitindo o restabelecimento das funções sexuais, urinárias e até intestinais, quando os órgãos circundantes também se deslocam. A tela de propileno é utilizada como uma prótese resistente que substitui, de modo eficiente, o tecido enfraquecido que ocasionou os prolapsos, promovendo a melhora na qualidade de vida da paciente.
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